A China liberou a importação de carne bovina brasileira para os lotes certificados antes do embargo.
Segundo apuração do analista de Internacional da CNN, Lourival Sant’Anna, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, teria ficado meses tentando marcar uma reunião para resolver questões com o país, que deve diminuir a importação da carne brasileira nos próximos meses.
De acordo com uma fonte ouvida por Lourival, a ministra teria tentando marcar uma reunião com o ministro da Agricultura da China há cerca de quatro meses e que ele teria negado. Tereza Cristina perguntou, então, se a reunião poderia ser remota, e a resposta também foi negativa.
O Ministro da Agricultura nega a informação, dizendo que “a ministra Tereza Cristina disse que, se necessário, poderia ir à China para tratar do assunto. As reuniões estão sendo realizadas entre as áreas técnicas”.
Outras fontes ouvidas por Lourival Sant’Anna dizem que a relação ruim entre os governos do Brasil e da China não significa que o embargo da carne seja uma retaliação, mas que, se houvesse relações melhores, essa crise não teria durado tanto. Haveria um incentivo maior, por parte da China, para resolver a questão mais brevemente.
O embargo marca a maior crise comercial da história de 47 anos de relações comerciais entre Brasil e China. Os próprios produtores brasileiros não imaginavam que duraria tanto e chegaram a despachar as carnes pelos contêineres na esperança de que a situação já fosse resolvida ao chegar lá.
Em meio ao embargo da carne brasileira, houve uma grande diminuição no preço da carne de porco na China devido à superação da peste suína africana, o que contribuiu para que o país não tivesse pressa alguma para revogar o embargo.
Na segunda semana de outubro deste ano, a carne suína estava 60% mais barata na China em relação a 2020. Na terceira semana de novembro, também houve uma nova queda de 39% em relação ao ano passado.
Nos últimos anos, a dependência da China no Brasil cresceu no comércio da carne bovina: entre 2019 e 2020, as importações cresceram de 25% para 43%, enquanto a dependência em outros países, como Argentina e Austrália, caía.
A tendência, agora, é que a participação da carne brasileira no país também caia, devido ao acordo que foi feito ainda no governo Donald Trump da China aumentar em US$ 200 bilhões a importação de produtos agropecuários americanos.