Para o Observatório do Clima, rede formada por 50 organizações que atuam na mitigação das mudanças climáticas, o Exército Brasileiro fracassou na tentativa de conter o desmatamento na Amazônia. Isso porque dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pelo monitoramento da floresta por satélites, apontam para um recorde de queimadas em agosto. Foram registrados 29.307 focos de calor, o maior volume do ano e o segundo maior da década.
Há três meses, o Exército conduz uma operação na região para conter o desmatamento, que vem batendo recordes há um ano. O vice-presidente, Hamilton Mourão, que é militar, assumiu o comando do Conselho Amazônia, criado para coordenar as ações federais de proteção e desenvolvimento da floresta. Mourão já havia alertado que, provavelmente, os números de 2020 não mostrariam avanço. O resultado é esperado para o próximo ano.
Desde maio, quando o Exército iniciou a operação, o número de queimadas totalizou 39.187, pouco acima do registrado no mesmo período do ano passado, de 38.952. Desde julho, também vigora a moratória das queimadas, que proíbe qualquer tipo de incêndio na floresta, mesmo em áreas já desmatadas. Ainda assim, 2020 registra um aumento de 34% nos alertas de desmatamento, em relação a 2019.
“O teatro militar montado pelo general Hamilton Mourão na Amazônia para iludir os investidores não conseguiu enganar os satélites”, afirmou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Tudo isso porque as pessoas que estão no poder se recusam a implementar políticas públicas de combate ao desmatamento e ao fogo, que não apenas já existiam, como deram certo no passado.”