Entrevista com Roberto Pires presidente da Fieto, abordando o desafio da indústria no Tocantins


Roberto Pires presidente da Fieto, elenca em entrevista ao Portal Eco News o dinamisco dos seus anos de gestão e os avanços da entidade na promoção da industrialização do Tocantins.

1- Quando o senhor assumiu a gestão da FIETO em 2012, qual era o maior desafio e por quê?

O principal desafio sempre foi criar um ambiente promissor para o crescimento e o fortalecimento da indústria no Tocantins. Esse é um trabalho contínuo que assumimos na FIETO com muita responsabilidade. A indústria avançou no Estado. O PIB industrial em 2010 era de R$ 3,1 bilhões e em 2018 já chegava a R$ 3,9 bilhões, um crescimento de R$ 800 milhões, mesmo com os desafios econômicos que enfrentamos neste período. Mas ainda temos muito para crescer. O setor industrial é um importante motor para a economia e precisamos fazer com que essa força esteja sempre movendo nosso Estado, proporcionando resultados cada vez mais positivos.

2- Estamos vivendo um momento impar com o advento do COVID-19, qual sua opinião sobre este vírus, no aspecto da sua influência da vida de todos, com destaque para área econômica?

A pandemia causada pela COVID-19 mudou radicalmente a vida de todos nós. Começamos a viver uma nova realidade e isso provocou impactos em todas as áreas, inclusive na econômica. Para o setor empresarial houve e ainda está havendo uma readaptação e a necessidade de assumirmos atitudes inovadoras para os negócios. A pandemia acelerou o processo de modernização das empresas, alterou a maneira de consumo e os empresários precisam acompanhar as novas exigências do mercado para se manterem vivos. O ano de 2021 está sendo desafiador, mas acredito que, ao final, será um ano melhor para todos.

3- Qual panorama da atividade econômica da indústria do Tocantins atualmente?

Naturalmente a indústria no Tocantins sente os efeitos da crise causada pela pandemia. Mas os números estão melhorando. Na Sondagem Industrial que fizemos no 1o trimestre de 2021 constatamos uma evolução no número de empregos e um aumento na evolução da produção. Um sinal de que o mercado está reagindo. Mas mostra ainda alguns desafios, como a falta e o alto custo da matéria-prima, reflexos diretos da crise causada pela pandemia.

O avanço da vacinação, mesmo sendo mais lento do que o desejado,  acalma o mercado consumidor e por consequência estimula a retomada do consumo, equilibrando novamente a economia e movimentando o setor produtivo em todo país.

4- Como a senhor avalia as medidas das prefeituras e estado no tocante a economia, que afetam a economia e motiva muitas críticas em especial do comércio?

Defendo que em primeiro lugar temos que nos preocupar em salvar vidas. Isso é o mais importante neste momento. Mas é fundamental que os CNPJs também sobrevivam a essa crise. Passamos por um momento em que é preciso ter muito bom senso e ampliar o diálogo entre o Poder Público e o setor produtivo para que juntos possamos encontrar soluções para superar a turbulência causada pela pandemia.

5- Qual é a sua avaliação referente a política econômica do estado e do Brasil?

O Governo Federal começou a implantar uma agenda de reformas que são necessárias para o desenvolvimento do país. Mas a pandemia mudou a pauta de discussões no Congresso e esfriou o debate sobre o tema.

O Brasil tem pressa na aprovação da Reforma Administrativa e da Reforma Tributária. Para se ter uma ideia, um estudo feito pelo Instituto Millenium, levando em conta informações do FMI, mostra que em 2019 o Brasil gastou 13,7% do PIB (R$ 930 bilhões) com a folha de pagamento de servidores públicos federais, estaduais e municipais. Isso é o dobro das despesas com educação e 3,5 vezes mais do gasto com saúde (3,9% do PIB).

No Tocantins a situação também requer atenção. A máquina pública, em todos os níveis, tem que ser mais enxuta para garantir mais recursos para investimentos que são fundamentais para o desenvolvimento.  

Em outro ponto, o Brasil tem uma das legislações tributárias mais complexas do mundo. Isso barra o avanço do setor produtivo nacional, que sofre com a alta carga de impostos, que afasta investimentos internacionais, travando o desenvolvimento do país. É preciso reduzir o volume de impostos e simplificar o sistema tributário. Por isso as reformas são tão importantes e urgentes. Elas fariam bem para o país.

6- Qual é o maior desafio da FIETO no Tocantins neste momento histórico, com pano de fundo da COVID-19?

O principal desafio da FIETO neste momento de pandemia é suavizar ao máximo os efeitos da crise para a indústria. Estamos estimulando o setor, mostrando ao empresariado alternativas para superar os desafios. Não é um momento fácil. É preciso ter serenidade e estarmos atentos às oportunidades que o mercado nos apresenta. Acredito que a crise nos torna mais fortes. Sei que muitos empresários estão exaustos, desmotivados, mas não é momento de baixar a cabeça. O brasileiro tem aptidão para o empreendedorismo e é criativo. Acredito que este será um ano promissor, de crescimento da economia e de retomada do desenvolvimento. 

7- Qual balanço de toda sua gestão até o momento?

O foco da nossa gestão sempre foi criar um ambiente favorável para o desenvolvimento e o crescimento da indústria em nosso estado. Avançamos muito neste sentido. O PIB da indústria cresceu quase um bilhão de reais em cerca de 10 anos. Algumas cadeias produtivas ganharam muita força e hoje se destacam no cenário econômico, principalmente no setor agroindustrial. Nesta área, entregamos um estudo robusto, em parceria com o Governo do Estado, que identifica as principais cadeias produtivas que podem alavancar o desenvolvimento da agroindústria em nosso Estado.

Para amparar esse crescimento dobramos a capacidade de atendimento do SENAI, inaugurando três novas escolas, em Taquaralto, Palmas e Paraíso e hoje, mesmo com uma demanda impactada por sucessivas crises econômicas e mais recentemente pela pandemia, temos a estrutura necessária para dar suporte ao crescimento industrial do nosso estado. Nos últimos 10 anos, contabilizamos mais de 200 mil matrículas no SENAI. Mesmo na pandemia, nos adaptamos e ofertamos cursos on-line para mais de 4 mil pessoas.

Pensando também no amparo social de empresários e trabalhadores da indústria, o SESI prestou mais de 2,5 milhões de atendimentos ao longo dos

8- O que poderia ser feito para que o emprego no Tocantins pudesse crescer como um todo?

A geração de empregos depende do aquecimento do mercado consumidor, da retomada do investimento e do aumento da produção. São fatores fundamentais para sustentar a geração de novos postos de trabalho. Mas estamos enfrentando um momento adverso. A pandemia trouxe incerteza para o mercado. Mas o ano de 2021 veio com a vacina. Estou otimista que este será um ano de crescimento e fortalecimento da economia, bem diferente que em 2020.

9-Na sua avaliação qual a importância do portal Eco News & Agro, com visibilidade nos 139 munícipios e no Brasil, como instrumento de informação imparcial e fomentador da economia e do agronegócio no estado Tocantins?

Toda iniciativa que coloque em evidência a relevância da economia para o desenvolvimento do nosso Estado é bem-vinda. O Tocantins ganha por contar com mais um veículo para esse debate para o qual desejamos sucesso.

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