Dólar deve fechar ano abaixo dos R$ 5, projeta líder do ranking Focus

Com desvalorização acumulada de 25% no ano em relação ao dólar, o real tem o pior desempenho entre as principais moedas emergentes do mundo. Mas esse cenário deve se alterar. Isso é o que projeta o BNP Paribas Brasil, da gestora que encerrou na primeira colocação do último ranking anual Focus, do Banco Central, na categoria de projeções de câmbio de médio prazo. A atual projeção, que vem sendo “sutilmente” revisada, é de que o dólar encerre o ano cotado a 4,50 reais, bem abaixo dos 5,38 reais atuais. Nesta quarta-feira, 2, o real é a moeda emergente que mais se valoriza, mesmo com a bolsa de valores em queda.

Em entrevista exclusiva à Exame, os estrategistas de moedas e câmbio do BNP Paribas Brasil, Samuel Castro e Luca Maia explicaram os motivos pelos quais o real deve se valorizar. Para os estrategistas, fatores negativos, como a recente queda da taxa de juros e a piora fiscal do governo durante a pandemia “estão mais do que precificados” e, entre as principais moedas emergentes, o real é a mais bem posicionada para se valorizar.

Uma das razões para o otimismo em cima do real, segundo eles, é justamente a recente alta do dólar, que foi ainda mais acentuada no Brasil. Por aqui, a moeda americana subiu pouco mais de 30% desde o início do ano, enquanto contra outras divisas emergentes, como o peso mexicano e o rublo russo, a valorização foi de cerca de 18% e 21%, respectivamente. Mas não para por aí.

“No contexto global, o dólar chegou a um ponto muito forte e já começa a se enfraquecer”, afirma Castro. Um dos índices mais relevantes do mercado de câmbio, o Dxy, que mede o desempenho do dólar contra algumas das principais moedas do mundo, em março, bateu a pontuação máxima em mais de quatro anos, mas já cedeu a ponto de tocar a mínima desde 2018.

Entre os fatores elencados por Castro para a desvalorização global da moeda americana está a atuação do Federal Reserve (Fed). “O Fed está inundando o mercado de dinheiro. Então, existe uma quantidade absurda de liquidez no mercado, o que influencia na desvalorização do dólar.” A outra razão sua a atual política de juros. “O Fed está mantendo parado os juros em [patamar] muito baixo, o que deve favorecer a valorização do real e a desvalorização do dólar”, afirma.

Na quarta-feira passada, em discurso no Simpósio de Jackson Hole, o presidente do FedJerome Powell anunciou a adoção da meta de inflação média, que tende a estender o tempo de manutenção da taxa de juros americanas próxima de zero. De acordo com Luca Maia, esse foi o principal gatilho para a reversão da posição comprada dos investidores na última semana.Veja também

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