É comum ouvirmos falar em relação custo x benefício, que significa responder à pergunta: “o que ganharemos com esta operação?”
Vemos frequentemente supermercados fazerem promoção, com preços bem abaixo do normal, ganhando pouco ou nada naquele produto, todavia, sua estratégia é usar aquele chamariz para atrair muitas pessoas, e com o retorno obtido em outras mercadorias obter cobrir o que deixou de ganhar no promocional, resultando em lucro a operação global, pelo aumento no volume de vendas, chamado ganho em escala.
Tais promoções são baseadas em estatísticas que mostram ao empresário quanto ganhará em outros produtos.
Algo semelhante ocorre com estados. No Tocantins, por exemplo, a instalação de indústria é vantajosa para o empresário, porque terá alíquota reduzida do ICMS durante certo tempo. O Estado tem prejuízo? Não. Além de exercer sua função social de geração de empregos, com nova empresa funcionando haverá mais pessoas com salário para gastar, comprando diversos produtos que são tributados normalmente com o ICMS: alimentos, roupas, veículos e outros. A redução tributária é vantajosa para o Estado, na relação custo x benefício.
Focando no mundo negocial, sabemos que toda transação tem dois polos essenciais: fornecedor e comprador, desde a época do escambo, que era simples troca de mercadorias, até o moderno comércio virtual, pela internet.
Com a evolução dos mercados surgiu um terceiro polo, o financiador, que favorece o aumento das operações negociais, e cobra juros pelo tempo em que seu dinheiro estiver à disposição do outro, seja do comprador (consumidor), ou do vendedor (produtor).
Com a popularização da lógica dos juros, fornecedores passaram a cobrar mais pelas vendas não realizadas à vista, com a troca imediata da mercadoria por dinheiro. Naquele instante fornecedor e financiador são a mesma pessoa.
Aqui necessitamos de comparar custo x benefício. Aliás, nos negócios esta análise é constante, diuturna. O que é ganho para mim, comprar a prazo, ou ganhar desconto na compra à vista? É comum fornecedores oferecerem bons descontos na venda à vista, porque estão necessitando de entrada de recursos para adequar o seu fluxo de caixa (entrada de dinheiro e compromissos a pagar), por estratégia de expansão de produção, dentre outros motivos.
Esta é a conta que deve ser feita: vou ganhar desconto de 10% e terei o retorno do dinheiro em três meses, com a venda desta mercadoria. Se tomar empréstimo, o banco me cobrará juros de 5,0% neste período. Epa! Dá para fazer. No final ganharei mais do que pagarei de juros, quer dizer: o custo é menor do que o benefício. Se o resultado for o contrário, isto é, o custo do dinheiro maior do que o desconto recebido, claro que não é vantajoso.
Entre a segunda metade da década de 1980 até 1994, quando se instalou o Plano Real, debelando a inflação avassaladora, havia muitos empréstimos de um a cinco dias. Isso mesmo: um dia! Exatamente dentro desta lógica do custo benefício. Com a inflação escabrosa nunca se sabia quanto um produto ou bem estaria valendo no dia seguinte. Às vezes surgia negócio que motivava empréstimo com prazo tão curto, só enquanto “entra um dinheiro”. Hoje pago juro de 10 amanhã o produto estará valendo mais 20.
Depois, com a inflação controlada, os bancos passaram a oferecer empréstimos para capital de giro, com prazos maiores, normalmente variando entre 12 e 36 meses. É bom pegar capital de giro? Depende. Pergunte-se quanto será o seu custo com o empréstimo e quanto conseguirá ganhar com aquele dinheiro no seu negócio. Aquela continha, o resultado da proporção custo x benefício poderá dizer.
Este raciocínio está focado em situação normal. Pode haver circunstância em que o empresário poderá gastar mais do vai ganhar naquele negócio, como estratégia comercial, e o benefício não será o ganho imediato, naquela transação. Por exemplo, atender fornecedor importante, que lhe proporciona ganhos compensatórios em outras transações.
É fundamental que a empresa esteja sempre atenta ao custo x benefício nas suas transações, não só olhando o seu umbigo, mas também o lado dos seus públicos – fornecedores e compradores – porque a situação ganha/ganha nas transações negociais, em que todos ganham, ninguém “passa a perna” no outro, é muito importante para a edificação de relações duradoras, também chamadas de fidelização de cliente.
Voltando à questão de financiamentos, claro que há ocasiões excepcionais em que a empresa precisa de dinheiro de qualquer jeito, por um fato inesperado, como inadimplência de algum cliente, ou por descaso com o fluxo de caixa, quando não cabe análise: é pegar ou pegar.
Por isso reforçamos aqui a importância do planejamento, do cuidado com o fluxo de caixa, da compra adequada de mercadorias, conforme o seu giro, para evitar situações assim, em que a empresa tem que pegar dinheiro caro, prazo inadequado, sem opção de avaliar a importante relação custo x benefício.
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