A cadeia produtiva da piscicultura está presente em praticamente todos os municípios do Tocantins. Conforme aponta o Censo da Piscicultura, realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins) em parceria com o Conselho de Desenvolvimento Econômico (CDE) do Tocantins, são 117 municípios realizando a atividade, e o empenho do Governo do Tocantins é fortalecer cada vez mais esta cadeia produtiva, por meio da assistência técnica e extensão rural, bem como de incentivos fiscais.
Em Wanderlândia, o proprietário da Fazenda Maranata, Virney Costa, recebe a assistência técnica do Ruraltins de Araguaína, por meio do Convênio de Assistência Técnica para o Médio Produtor (Ater/Médio), e investe na produção de tilápia e tambaqui em tanque elevado. Com a água dos tanques, a família de Virney aproveita para realizar a fertirrigação na cultura de maracujá, desenvolvendo assim, o sistema de integração piscicultura e fruticultura.
Acompanhado há cerca de um ano pelo extensionista e engenheiro de pesca, Renan de Sousa e Silva, Virney já produziu e comercializou, no ano passado, 2,5 mil kg dessas espécies, em seis meses de cultivo.
Segundo o produtor, a expectativa, a partir de agora, é produzir 3,5 mil kg de tilápia e para o segundo semestre chegar a 48 toneladas por ciclo. “Estou fazendo investimentos em bombas e em novos Sistemas de Oxigenação para chegar a 6 mil Kg de peixes. A partir do segundo semestre, iremos dobrar a construção dos tanques para otimizar a produção para 48 toneladas por ciclo, ou seja, 96 toneladas anual”, relata.
No momento, são cinco tanques suspensos de lona geomembrana com capacidade de 110 mil litros de água em cada. “Inicialmente trabalhamos com capacidade de 2, 5 mil Kg de peixes em cada tanque por ciclo que se encerra a cada seis meses. Colocamos alevinos com cinco gramas e em seis meses tiramos as tilápias com peso acima de 800 gramas, que é o peso ideal pra essa espécie de peixe. Com um custo de produção estimado em R$ 4,20, esse pescado é comercializado em Araguaína, nos supermercados e na feira do município”, explica o produtor, acrescentando que a expectativa de lucro em torno de 35% em cada ciclo.
Já na área de plantio, são 600 pés de maracujá melhorados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). No chão há quatro meses, as plantas são irrigadas por aspersão com a reutilização das águas provenientes da produção dos peixes, que é bombeada para uma caixa de mil litros, onde é feita irrigação.
Para o engenheiro de Pesca, Renan de Sousa e Silva, as vantagens da produção de peixes junto com o cultivo agrícola vão além do reaproveitamento da água, incentiva a diversificação produtiva e, ainda, por meio da fertirrigação, reduz gastos com adubação, substituindo a adubação química pela adubação natural formada pela ração e das fezes do peixe.
Ainda na primeira safra, a expectativa do produtor é colher 6 kg da fruta em cada pé para atender o mercado de polpas de frutas de Araguaína e região. “Nas próximas safras, acreditamos que essa carga de maracujá possa chegar entre 30 e 40 kg por pé, entre a segunda e a quarta safra”, afirma Virney, acrescentando que os custos estimados nessa primeira safra sejam em torno de R$ 10 por pé, fora a mão-de-obra de funcionário.
Ainda na propriedade, de 100 hectares, a família trabalha com gado de leite na produção de queijos, aproximadamente 200 kg, por mês, também comercializado em Araguaína. Essa diversificação produtiva é que garante renda e alternativa de investimento ao produtor.