A guerra comercial e geopolítica entre a China e os Estados Unidos atingiu um novo patamar nos últimos dias, quando o presidente Donald Trump impôs sanções a vários representantes do Partido Comunista chinês. Dessa vez, o motivo é foi a existência de campos de detenção e trabalhos forçados na China.
Uma série de documentos, obtidos por um consórcio de mídia formado pela agência de notícias Associated Press, o jornal britânico The Guardian e outros veículos internacionais, apontou, no final de 2019, que mais de 1 milhão de pessoas foram detidas em campos de reeducação região de Xinjiang, no noroeste da China.
Entre eles, estão diversos membros da comunidade uigur, descendentes de povos do Cazaquistão e Uzbequistão, que têm uma língua própria e em geral seguem a fé islâmica. Os prisioneiros são submetidos a um processo de reeducação ideológica e precisam renunciar à sua religião. Há relatos de que os filhos dos detidos são enviados a orfanatos. Na China, há a suspeita de que os uigures poderiam ter aspirações separatistas.
Quando as denúncias vieram à tona, o governo chinês negou as acusações em um primeiro momento. Depois, disse que os campos de detenção eram centros de treinamento voltados a conter o radicalismo islâmico e tendências separatistas. Em dezembro, as autoridades chinesas chegaram a anunciar que os campos seriam fechados, o que não foi verificado.
Membros do alto escalão do Partido Comunista chinês, responsáveis pela administração da região de Xinjiang, estão agora sob sanção americana, que impede os oficiais chineses acusados de violação dos direitos humanos de fazer negócios com os Estados Unidos ou viajar para o país. As sanções se aplicam ao secretário do Partido Comunista responsável pela administração da região Xinjiang, Chen Quanguo, e outros três oficiais.
O governo chinês já avisou que pretende impor medidas recíprocas contra os Estados Unidos. O Congresso Mundial dos Uigures, que reúne expatriados da minoria uigur, recebeu com satisfação as sanções americanas.