Brasil, o país do futuro que nunca chega e da esperança que se ofusca no horizonte

 

Com vasta extensão territorial, abundância de recursos naturais essenciais para uma revolução tecnológica, industrial e com capacidade de garantir segurança alimentar ao mundo, o Brasil sempre foi vendido como o país do futuro.

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Há muitos anos, a cunhada expressão “país do futuro”, alimenta uma visão de futuro promissor, e apregoa uma imagem de prosperidade, povo feliz e liderança global. Entretanto, apesar de todo potencial, o Brasil enfrenta desafios cruciais que impedem a concretização de um sonhado futuro que nunca chega.

Temos riquezas naturais, clima tropical propício à agricultura, recursos minerais estratégicos e extensa costa marítima, o que são ativos valiosos e uma riqueza que muitos países almejam.

Fontes inesgotáveis de energia, e considerando que tudo se move através de energia, devemos considerar que ainda temos um gigantesco potencial à ser explorado, por exemplo, energia solar, eólica, hidrelétrica e um grande potencial para crescimento na exploração energia nuclear.

Contamos com uma colossal biodiversidade, a maior floresta tropical do mundo, com uma inimaginável infinidade de recursos genéticos, ecossistemas e terras agricultáveis, onde se faz duas e em alguns casos, três safras ao ano.

Além de dispormos de vastos recursos naturais, estamos livres de desgraças climáticas e geológicas, como terremotos, vulcões e furacões. Contudo, apesar das incontáveis vantagens, o Brasil encara uma série de desafios que impedem o seu pleno desenvolvimento.

Dentre os entraves ao nosso pleno desenvolvimento econômico e social, sem dúvidas, o maior é a ausência de uma cultura educacional.

Um relatório do Education at a Glance (EaG), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), demonstrou que anualmente o Brasil gasta US$ 3,6 mil por aluno da rede pública, enquanto a média dos países que integram a OCDE, ultrapassa os US$ 11 mil dólares.

No ranking do Timss (2024) – Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências, o desempenho de estudantes brasileiros do 4º e 8º anos do ensino fundamental, registrou médias expressivamente inferiores à média internacional.

Na avaliação de matemática e ciências, entre alunos do 4º ano, a média foi de 412,5 pontos, enquanto a média internacional é de 498,5. Entre estudantes do 8º ano, a média foi de 399 pontos, enquanto a média internacional é de 478 pontos.

Os números demonstram que estamos abaixo da média internacional, tanto em investimentos como em desempenho. O que demonstra, que na corrida pela educação, ficamos para traz.

Assim como na educação, também enfrentamos problemas crônicos com violência generalizada, que afeta milhões de brasileiros.

Problemas com corrupção no setor público é epidêmica, falta de transparência e impunidade agravam o problema e incentiva a prática de atos ilícitos que desviam recursos que poderiam ser investidos em áreas essenciais.

Na infraestrutura, nossa situação é precária, e embora tenha avançado nos últimos anos, ainda apresenta deficiências significativas, causando sérios problemas ao setor de transporte, aumentando o preço do frete, resvalando nos custos de produção e preços dos alimentos e dificultando de maneira significativa nossa competitividade.

A instabilidade política e ausência de segurança jurídica também são entraves de proporções inimagináveis. As repetidas crises institucionais suscitam um cenário de incertezas e desconfiança no mercado, dificultando planejamento de longo prazo e afugentando investimentos estrangeiros.

Conforme bem demonstrado, temos inúmeros problemas que fazem com que o sonho do país do futuro fique cada vez mais distante. Contudo, há soluções, e não há país que caminhe rumo ao futuro sem investimentos massivos em educação de qualidade.

É necessário investir na formação de professores, garantindo melhores salários e qualificação. De igual modo, é necessário a criação de um programa de avaliação e desempenho. Onde, aqueles que não demonstrar competência para o exercício da profissão, devem ser afastados.

Os benefícios de uma educação de qualidade são imensuráveis, e vão influenciar, inclusive, nas melhores escolhas dos nossos representantes políticos, reduzindo de maneira significativa problemas crônicos como corrupção, saúde, infraestrutura, dentre outros.

É nítido e propalado que o Brasil possui um enorme e invejável potencial para se tornar um país desenvolvido e líder global. No entanto, é preciso superar desafios e implementar profundas reformas estruturais.

É tarde e já perdemos muitas oportunidades, mas ainda podemos ser o tão sonhado país do futuro. E para a construção de um país mais justo, próspero e sustentável, exige o engajamento de todos os setores da sociedade, e principalmente, investimento massivo em educação.

Não temos mais tempo à perder, estamos atrasados, mas a grande demanda do mundo nos próximos anos será por alimentos. Nesse setor, ainda temos a oportunidade de ser o celeiro do mundo, em contrapartida, transformar nosso horizonte e darmos uma vida melhor ao nosso sofrido povo.

Hidekazu Souza de Oliveira é advogado especialista em direito agrário e  ambiental

@hidekazu.adv