Após o presidente Jair Bolsonaro anunciar que quer demitir o então presidente da Petrobras Roberto Castello Branco e indicar um general para o cargo, outra estatal está na mira: o Banco do Brasil. As ações do banco (BBAS3) recuam mais de 11% perto do meio-dia.
No fim de semana, Bolsonaro afirmou que era preciso” trocar as peças, que porventura, não estejam dando certo” e afirmou que nesta semana “tem mais”.
Segundo coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, está na lista das próximas trocas previstas por Bolsonaro. De acordo com o colunista, seu contrato, que acaba em março, não será renovado.
No início do ano, Bolsonaro não gostou da repercussão negativa entre políticos e sindicalistas da divulgação pelo banco de um plano de demissão voluntária e de fechamento de agências. Na época, Bolsonaro chegou a pedir a cabeça do executivo, mas mudou de ideia após intervenções do ministro Paulo Guedes e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que apelaram por sua permanência.
Na sexta-feira, 19, a interferência do governo na Petrobras levou as ações da empresa (PETR3/PETR4) a caírem cerca de 7%. Mas a queda não parou por aí. Após a confirmação da saída de Castello Branco, as ADRs da companhia despencavam mais de 20% no mercado americano na manhã desta segunda-feira, 22.
Tudo indica que a reação de cautela dos investidores, hoje, também irá se alastrar para ações de outras estatais, especialmente as do Banco do Brasil (BBAS3) e as da Eletrobras (ELET3/ELET6).
“A sequência de comunicados de sexta até ontem foi cada um pior que o outro. É um cenário catastrófico para todas as estatais. Se cogita até a saída de Guedes no primeiro semestre”, diz André Machado, fundador do projeto Os 10%.
No fim de semana, os papéis de ambas as companhias tiveram recomendação rebaixada pelo Credit Suisse e nesta segunda analistas da EXAME Invest Pro recomendaram a venda das ações do Banco do Brasil.
Como justificativa para a recomendação negativa, Bruno Lima, analista-chefe da casa, cita a “perda de confiança na condução das melhores práticas para gerar valor ao acionista”.
No ano, as ações do Banco do Brasil têm o pior desempenho entre as dos grandes bancos do país, com desvalorização acumulada de 15,4%. Santander, Itaú e Bradesco têm respectivas perdas de 12,6%, 10% e 9,3%. Após o pregão desta segunda, a diferença entre o Banco do Brasil e os outros bancos deve se tornar ainda maior.