Biden vence corrida presidencial dos EUA e pede união do país

Joe Biden conquistou a presidência dos Estados Unidos neste sábado, disseram as principais redes de televisão, com os eleitores rejeitando por pouco a turbulenta liderança do atual presidente Donald Trump e abraçando a promessa do democrata de lutar contra a pandemia de coronavírus e consertar a economia de um país dividido.

Trump imediatamente acusou Biden de “se apressar para posar falsamente como ganhador”. “Esta eleição está longe de acabar”, disse ele em um comunicado.

A projeção de vitória de Biden ocorreu após quatro dias de um suspense de dar nos nervos em relação ao resultado da eleição de terça-feira, com a contagem de votos em alguns poucos Estados disputados ainda em andamento, devido a uma enxurrada de votos por correio.

“Estou honrado e me sinto muito humilde diante da confiança que o povo norte-americano depositou em mim e na vice-presidente eleita Harris. Enfrentando obstáculos sem precedentes, uma quantidade recorde de norte-americanos votou”, disse Biden no Twitter.

“Com o fim da campanha, está na hora de colocar a raiva e a retórica rude de lado e nos unir como país. Está na hora de os Estados Unidos se unirem. E se curarem.”

Gritos de comemoração surgiram nos corredores do hotel onde a equipe de Biden estava e em todo o país, após a projeção realizada pelos órgãos de imprensa.

“Valeu cada minuto” de espera, disse um auxiliar de Biden, enquanto a equipe trocava cumprimentos com o cotovelo e abraços no lobby do hotel.

Em Park Slope, Brooklyn, multidões se reuniam nas ruas, irrompendo em vivas, pulando e batendo panelas.

Em Takoma Park, Maryland, uma cidade liberal perto da capital, vivas surgiram e algumas pessoas batiam panelas nas varandas.

Quando o ex-vice-presidente entrar na Casa Branca em 20 de janeiro, a pessoa mais velha a ocupar o cargo, aos 78 anos, ele provavelmente enfrentará uma tarefa difícil para governar em uma Washington polarizada, ressaltada por um comparecimento recorde em uma luta que durou até o final.

Biden disse na sexta-feira que esperava vencer, mas não fez um discurso de vitória.

Um conselheiro de Trump reconheceu na sexta-feira que a corrida havia se inclinado contra o republicano, mas disse que o presidente não estava pronto para admitir a derrota.

Biden ganhava por 273 a 214 no colégio eleitoral que determina o vencedor, após obter os 20 votos da Pensilvânia, que o colocaram acima do patamar de 270 necessários para vencer a presidência, de acordo com Edison Research.

Para assegurar a vitória, Biden enfrentou desafios sem precedentes. Isto incluiu esforços liderados por republicanos para limitar a votação por correio em um momento em que um número recorde de pessoas votaram por correio devido à pandemia, que matou mais de 235 mil pessoas nos Estados Unidos.

Ambos os lados consideraram as eleições de 2020 como uma das mais importantes na história do país, tão importante quanto as votações durante a Guerra Civil de 1860 e a Grande Depressão de 1930.

Por meses, representantes dos dois lados levantaram a possibilidade de que os EUA não seriam capazes de ter uma eleição justa.

No fim, no entanto, a votação nas urnas ocorreu com poucas interrupções, com milhões de pessoas aguardando pacientemente para votar.

Milhares de observadores eleitorais dos dois partidos trabalharam durante quatro dias para garantir que os votos fossem contados.

O drama da eleição deve continuar por semanas, ou meses. Trump, de 74 anos, está contestando a votação nos tribunais, mas especialistas disseram que seus desafios têm pouca chance de alterar o resultado.

A vitória de Biden foi guiada por forte apoio de grupos incluindo mulheres, negros, eleitores brancos com curso superior e habitantes de centros urbanos.

Ele tinha mais de 4 milhões de votos a mais que Trump no voto popular em nível nacional.

Biden, que passou metade de um século na vida pública dos Estados Unidos como senador e depois vice-presidente na administração do antecessor de Trump, Barack Obama, vai herdar uma nação tumultuada pela pandemia de coronavírus e a desaceleração econômica que ela causou, assim como protestos disruptivos contra o racismo e brutalidade policial.

Biden disse que sua primeira prioridade será desenvolver um plano para conter a pandemia e promover uma recuperação, prometendo melhorar o acesso a testes e, ao contrário de Trump, seguir o conselho de autoridades de saúde pública e cientistas.

Ele também prometeu restaurar um senso de normalidade na Casa Branca após uma presidência em que Trump elogiou líderes estrangeiros autoritários, desdenhou alianças globais duradouras, recusou-se a repudiar supremacistas brancos e lançou dúvidas sobre a legitimidade do sistema eleitoral dos EUA.

Apesar da vitória, Biden não vai promover o repúdio contundente a Trump que os Democratas esperavam, refletindo o profundo suporte que o presidente tem, apesar de seus turbulentos quatro anos de mandato.

Isto pode complicar as promessas de campanha de Biden de reverter partes importantes do legado de Trump. Isto inclui as grandes reduções de impostos que Trump promoveu e que beneficiaram corporações e os ricos, as políticas linha-dura de imigração, esforços para desmantelar a lei de saúde Obamacare de 2010 e a saída de acordos internacionais, como o acordo climático de Paris e o acordo nuclear com o Irã.

Se os republicanos mantiverem o controle do Senado dos EUA, eles provavelmente vão bloquear uma grande parte de sua agenda legislativa, incluindo o aumento dos cuidados de saúde e a luta contra as mudanças climáticas.

Esta perspectiva pode depender do resultado de quatro corridas ao Senado que ainda não estão decididas, incluindo duas vagas na Georgia.

Biden, que vai se tornar o 46º presidente dos EUA, já havia concorrido à presidência sem sucesso em 1988 e 2008.

Sua companheira de chapa, senadora Kamala Harris, deverá ser a primeira mulher, primeira negra e primeira descendente de asiáticos a ser vice-presidente, o segundo cargo mais importante do país.

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