Banco Central mantém Selic a 2% ao ano e interrompe ciclo de corte no juro

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou nesta quarta-feira, 16, a manutenção na Selic, taxa básica de juros da economia, em 2% ao ano, mínima histórica.

A decisão era amplamente esperada pelo mercado e vem depois de nove cortes consecutivos, num ciclo de afrouxamento monetário iniciado em julho do ano passado.

A autoridade não descarta novos cortes na Selic, apesar de esse não ser o cenário base, mas ao contrário do comunicado na reunião de agosto, quando a possibilidade de mais quedas também não foi descartada, o tom desta vez foi mais duro, o que sugere que o espaço é quase nulo. No radar da instituição, há dois riscos principais: o fiscal e a inflação.

Na ata, o Comitê diz que espera alta na inflação no curto prazo, em função do aumento temporário nos preços dos alimentos e da normalização parcial do preço de alguns serviços, num contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade. Cita também a ainda elevada incerteza quanto à possível redução dos estímulos governamentais e à evolução da pandemia da covid-19 no país.

“O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”, diz.

Apesar de a recuperação da economia brasileira ainda se mostrar lenta e insuficiente e incerta, o que poderia prescrever a continuidade da política estimulativa, uma nova redução poderia sugerir uma ousadia por parte do BC num momento em que alguns preços importantes apresentaram fortes altas, segundo Alexandre Espirito Santo, economista da Órama Investimentos:

“O BC foi um pouco mais Hawkish (contido) do que o usual, o que sugere que esse ciclo provavelmente deve se encerrar aqui, novas reduções são pouco prováveis e condicionadas à questão fiscal”, diz.

“A discussão agora é até quando a Selic vai ficar nesse patamar de 2%. Se vai entrar até o último trimestre de 2021, tem analistas apostando até na taxa neste patamar durante o ano que vem inteiro”, diz Arthur Mota, da Exame Research no programa Questão Macro, desta quarta.

As projeções de inflação do Copom situam-se em torno de 2,1% para 2020, 2,9% para 2021 e 3,3% para 2022. Esse cenário, diz o comunicado, supõe trajetória de juros que encerra 2020 em 2% a.a., se eleva a 2,50% a.a. em 2021 e a 4,50% a.a. em 2022.

A meta de inflação do Banco Central para 2020 é de 4%, com 1,5 ponto de tolerância para cima e para baixo.

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