Mais uma vez, o Tocantins está sob a ameaça de uma descontinuidade da administração estadual, com nova interrupção, mandato complementar (tampão) que cria instabilidade total no Estado. Essa é a principal conclusão do debate realizado na manhã desta sexta-feira, 23 de setembro, pelo TV Norte/SBT Tocantins.
O debate contou com a presença dos candidatos Ronaldo Dimas (PL-MDB-Podemos), Paulo Mourão (PT), Irajá (PSD) e Karol Chaves (Psol). Alvo de uma Aije (ação de investigação judicial eleitoral), Wanderlei Barbosa (Republicanos) não compareceu para discutir os problemas do Tocantins e sequer mandou justificativa.
Além de ter sido criticado por manter e promover várias pessoas que estão na mira da Justiça Federal por suposta corrupção e outros crimes, Wanderlei começou a ser investigado por abuso de poder político e econômico por causa da contratação, sem necessidade, de 16 mil pessoas em caráter temporário em pleno ano eleitoral. Caso procedente, a Aije provocaria a cassação de diploma (ou de mandato) na hipótese de Wanderlei se reeleger.
70 cidades sem policiamento e déficit de 3 mil PMs
O debate foi dividido em cinco blocos, quatro deles sendo de confronto direto entre os candidatos.
No primeiro tema, segurança pública, Dimas destacou a necessidade de se ampliar o policiamento, com concursos públicos regulares e academia de formação permanente que esteja sempre funcionando, algo que o Estado não tem. Aliado a isso, é fundamental gerar empregos e ter uma política de proteção social efetiva.
“Segurança pública não é só policiamento. Precisamos de ações fortes e firmes de proteção social, emprego e renda. Lá em Araguaína tínhamos uma feirinha que era o maior índice de violência do Brasil e a ação integrada de combate ao tráfico, mas também a construção de uma unidade para dependentes químicos serem tratados e casas para essas pessoas que moravam de forma inadequada também é uma política que precisa ser implementada. O que garante a redução da criminalidade é as pessoas terem oportunidade de trabalho, isso é uma grande meta nossa. Além disso, a realização de concursos públicos regulares e academia permanente, é o mínimo que um governo precisa fazer”, destacou o candidato.
Dimas também ressaltou haver uma série de coisas graves dentro do governo que poderiam ter sido investigadas com mais profundidade. “Jogaram (o governo Wanderlei) para debaixo do pano uma série de questões que deviam ser profundamente investigadas e a polícia terá toda a liberdade para fazer isso no nosso governo”, garantiu Dimas.
*Governo sem credibilidade não atraí investimentos*
“Estamos no quarto mandato tampão, com a economia toda baseada em emprego público. Não podemos continuar assim. Quem tem que empregar é a iniciativa privada e é fundamental ter incentivos para que ela faça o seu trabalho. Para isso, o governo precisa ter credibilidade. Mas, qual é a credibilidade que esse governo tem? Já está aí com ações, não sabemos nem se termina. Muito menos, se eleito, se não terá uma nova cassação”, frisou Dimas, ao falar sobre economia.
O candidato lamentou o fim dos grandes projetos estruturantes no Estado, criticando a gestão do improviso do atual tampão. Segundo ele, a qualificação profissional dos jovens precisa se iniciar já no ensino médio, pois isso vai dar oportunidades aos jovens.
“O grande indutor do desenvolvimento é o Poder Público, os grandes investimentos como uma nova estrada, quantas novas oportunidades geraram ali no agronegócio. Criamos um ciclo virtuoso, que além de gerar emprego e renda, também ampliará a arrecadação de tributos com esses novos investimentos. Fizemos isso em Araguaína, em oito anos geramos mais de 70 mil novos empregos gerados, investimentos públicos bem feitos e a iniciativa privada acredita, economia roda, gera emprego e renda para população e ao mesmo tempo gera novos tributos” explicou.
Ao ser questionado sobre o excesso de contratos temporários e cargos comissionados no Estado, Dimas lembrou que o Estado, mesmo sem vice-governador, mantém gente lotada na Vice-Governadoria. “É interessante que a vice-governadoria não acabou, por incrível que pareça lá hoje tem mais gente lotada do que na época que existia vice-governador. O vice-governador virou governador tampão e a vice-governadoria cresceu. É um absurdo que temos vivenciado”, pontuou.
Na saúde, mais uma prova de Wanderlesse
Para os candidatos, a gestão da saúde pública do Estado é uma prova que o atual tampão é apenas uma continuidade, até piorada, da gestão iniciada por Mauro Carlesse que tinha Wanderlei como vice. Em meio ao debate, Paulo Mourão chegou a chamar a dupla de Wanderlesse, unindo os dois nomes.
Dimas, por sua vez, lamentou a situação de caos no setor. “Infelizmente não vemos uma ação firme dos órgãos de controle de fiscalizar esses desmandos na saúde, de longa data e são contínuos, tudo está do mesmo jeito. Deixa pessoas na fila se acumularem e depois fala em fazer mutirão, porque não fazer o dever de casa todos os dias e atender as pessoas. Não falta dinheiro para a saúde. Fizemos em Araguaína, hoje é modelo, fizemos um hospital para atender os pacientes com Covid-19 e hoje é a primeira UPA Infantil do Tocantins e várias outras ações, legados da pandemia. É possível transformar a saúde, são 47 hospitais públicos no Tocantins, imagina se tudo isso funcionasse bem. E como sempre digo, não é falta de dinheiro, é falta de seriedade, de compromisso, de gostar da nossa população e tratá-la como merece.”
Mesmo com várias operações da Polícia Federal contra possíveis desvios na saúde pública, o time de Carlesse permanece na atual gestão, alguns até sendo promovidos em seus cargos. “Tivemos sete operações policiais somente neste mandato tampão, uma série de investigações em segredo de Justiça. Todos nós sabemos onde vai dar isso. Chega disso, é o quarto mandato tampão. Precisamos analisar bem, toda a turminha da saúde continua lá e agora é maior. Assim não dá, temos que mudar a cabeça e fazer um trabalho sério e com uma equipe competente”, frisou o candidato.
Mentiras para o servidor e R$ 1 bilhão em temporários
“Esses contratos feitos para ganhar eleição custarão R$ 1 bilhão aos cofres públicos. E ainda tem mais, calote no Igeprev, o governo fica mentindo ao servidor falando que está com problema no sistema, quando sabemos que é um calote. Saúde, esse caos, desviando dinheiro até no plantio da grama. A mudança vem através do voto e precisamos escolher com calma, cautela, seriedade. Precisamos que todos avaliem os candidatos e escolha aquele que trate o povo com respeito. É o seu dinheiro que está em jogo, é a sua vida e da sua família”, destacou Dimas, ao apontar as dívidas do governo com o Igeprev-TO (Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins) que, só neste ano, chegam a R$ 140 milhões.
No fim do debate, Dimas destacou que os quatro candidatos participantes tinham boas propostas e lamentou a ausência do “tampão, fujão e agora encurralado”. O candidato falou ainda da necessidade de Tocantins entrar num ciclo de retomada de desenvolvimento, com grandes projetos, gestão planejada e colocar fim ao ciclo do improviso.
Assista ao debate completo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=uwYBal2CkUU&list=RDCMUCaeqXuas9Zwk_mGA_v8zx_Q&start_radio=1.