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Alta na Selic, Economia Patinando e Inflação Pressionando

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Estamos passando pela maior crise sanitária registrada no mundo nas últimas décadas e o Brasil virou epicentro dos casos de infecção e mortes. A economia anda patinando após um 2020 onde o Brasil viu seu Produto Interno Bruto – PIB perder 4,1% com relação a 2019 e as previsões, do inicio deste ano, segundo o boletim Focus, de crescimento de 3,41% para o ano de 2021, no último relatório divulgado já foram revisadas, para crescimento de 3,23%.


Porém, mesmo com as informações nada animadoras para o crescimento da economia neste ano e nos próximos, o Comitê de Política Monetária – COPOM, do Banco Central do Brasil, se reuniu e decidiu aumentar a taxa básica de juros – SELIC – passando de 2,00% a.a. para 2,75% a.a., interrompendo uma trajetória de queda que iniciou em Agosto de 2016, quando estava em 14,25% a.a. e chegou a mínima histórica em Agosto de 2020, onde foi mantida até na última reunião. E a alta acima da expectativa do mercado, que apostava em 0,50%, deixa um recado duro a equipe econômica.


A mudança na trajetória já tinha sido alertado pelo Presidente do Banco Central no final de 2020 quando em entrevistas deixou claro que o Ministério da Economia precisava demonstrar compromisso com a agenda fiscal e aprovar as reformas estruturantes que garantiriam a manutenção da taxa básica de juros em valores historicamente baixos.

Porém o compromisso firme com a agenda liberal e com a aprovação das reformas administrativa e tributária e com o plano de concessões de estatais amplamente divulgado e defendido pela equipe econômica nunca entraram de fato no radar da cúpula do Governo Federal e o que passamos a observar nesses últimos meses foram desencontros de discurso entre o mandatário do país e o responsável pela área econômica.


Deste modo, mesmo com a atividade econômica em níveis baixos, grande entrada de dólares no Brasil, devido seu perfil exportador de comodities e uma taxa de desemprego ainda elevada – diga-se de passagem por influência da pandemia em nosso país e das medidas restritivas que são a única arma que temos para conter a proliferação do vírus – o que estamos vendo é o real se depreciando frente ao dólar e uma persistente pressão da inflação, que no ano passado pressionou os alimentos e este ano terá como fator de pressão adicional itens como combustíveis, plano de saúde, transporte público. A meta da inflação para este ano é de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5%, para mais ou para menos, e temos no acumulado de doze meses inflação na casa de 5,2%, com tendência de alta até meados de junho deste ano, quando deve chegar à 7,5%.

Este cenário, que alguns economistas definem com estagflação, onde mesmo com a economia estagnada temos uma inflação pressionando os preços dos produtos, torna o cenário de política monetária confuso e complexo no que tange a soluções adotadas para dirimir qualquer risco de recessão por um lado e uma eventual escalada da inflação por outro.
A justificativa para o aumento da taxa básica de juros acaba sendo o de sinalização de que o Banco Central do Brasil está atento aos rumos da inflação e preocupado com o equilíbrio fiscal do país.


O mercado vive de perspectivas e sinalizações e o Governo Federal precisa orientar de maneira clara os rumos que terá daqui para a frente no que diz respeito a condução econômica do país. É necessário e urgente a sinalização para o mercado e a sociedade de que o Brasil está, mais do que nunca, comprometido com uma agenda liberal, colocando o ajuste fiscal no centro da agenda de prioridades para o ano de 2021. Somente desta maneira teremos condição de ajustar as expectativas e trazer de volta a economia para o rumo do crescimento.

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