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DIÁRIO MÉDICO: O QUE É CONSULTA DE ROTINA ?

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Após uma breve pausa volto a usar esse espaço para discutir alguns aspectos da medicina. Nessa fase de pandemia tivemos de reduzir a movimentação das pessoas e houve a orientação para diminuir a contaminação da população de suspensão por períodos e após redução dos atendimentos eletivos de todas as especialidades.

Apesar de parecer simples, não é tão fácil pro leigo diferenciar qual consulta pode ser postergada e qual não pode ser adiada. Isso já causou um aumento importante dos casos de morte súbita cardiológico domiciliar e de infarto no mundo todo, que poderiam ser melhor tratados caso o paciente chegasse a tempo num serviço de urgência e emergência cardiológica. É esperado que tenhamos um aumento importante da morbimortalidade cardiovascular e por câncer dada a falta de investigação, seguimento ou de procedimentos curativos indicados para essa patologia durante a pandemia do COVID-19.

Muito pior para quem no Brasil depende do SUS, pois é muito difícil ter a estrutura e verba necessária para dividir o fluxo de pacientes com suspeita de coronavírus ou com outras enfermidades.

Mas podemos educar os pacientes sobre quais situações do seu tratamento de saúde podem ser postergadas e quais não. Sempre lembrando do aspecto regional de necessidade ou não de isolamento social e outras restrições. 

Exemplificando pela minha área, a cardiologia, a grosso modo pacientes assintomáticos sem doenças de base podem postergar por alguns meses uma consulta de rotina para aferição de pressão arterial, exames laboratoriais e cardiológicos com mínima chance de dano importante a saúde. As doenças cardiológicas em geral levam anos para lesar seus órgãos. Nesses casos a auto aferiçao de pressão arterial por equipamentos (esfigmomanômetros) digitais, manter uma dieta balanceada (mesmo sem você saber seus níveis de glicemia , colesterol e pressórico, a dieta do Mediterrâneo em geral é bem razoável para quase toda a população), prática de exercícios leves 150 minutos por semana, não fumar, evitar estresse e evitar abusos com bebidas alcoólicas já são excelentes ferramentas para melhorar sua saúde.

Consultas de pré operatório devem ser definidas com seu cirurgião, pois em geral a  prerrogativa vem dele – sem falar das cirurgias de urgência onde nada mudou e tem de ser realizadas, muitas cirurgias eletivas não podem ser postergadas (oncológicas com tumores de rápida disseminação, cardíacas onde a espera pode comprometer o resultado, patologias benignas mas com expectativa de complicações graves como por exemplo colecistectomia em pacientes com pancreatite secundária ou colecistite de repetição entre outras)> Há muitas estéticas, ortopédicas, aparelho digestivo, oftalmológicas etcetera que podem ser postergadas em alguns meses sem grandes problemas. Lembrando novamente para análise regional do caso pois quando a pandemia passa a fase de picos essas restrições podem ser relaxadas.

Cabe aqui uma questão prática – muitas dessas consultas de risco cirúrgico se resolvem como já demonstrado em diversas diretrizes de avaliação perioperatória com poucos exames de sangue, eletrocardiograma e raio-X de tórax,  não havendo necessidade de exames mais complexos que não impactariam no resultado da cirurgia ou diminuiriam os riscos do procedimento, o que ajuda a diminuir a movimentação do paciente nessa época de pandemia.

Pacientes já sabidamente hipertensos, diabéticos podem em tempos de telemedicina se estáveis fazer aferições de pressão e glicemia capilar em sua casa e realizar sua consulta on-line.

Há situações onde o atendimento presencial em geral é recomendado. Analisar casos de palpitação, taquicardia, síncopes (desmaios), dor torácica, falta de ar necessitam ao menos na primeira consulta de exame físico e provavelmente de exames complementares. É complicado separar as causas cardiológicsas, respiratórias e até psicossomáticas por uma consulta a distância.

Mas os pacientes com sintomas de alarme, tais como: dor torácica não diagnosticada ou sabidamente anginosa ao repouso ou muito limitante, sensação de falta de ar aos pequenos esforços ou repouso, inchaço de membros inferiores importante, desmaios de repetição, taquicardia com pulso de mais de 120 batimentos por minuto ou bradicardia com pulso de menos de 50 batimentos por minuto, perda de força súbita em algum membro ou fala empastada, picos pressóricos maiores que 180×110 mmHg ou menor que 90×60 mmHg – deverão passar em consulta de urgência e provavelmente um serviço que tenha capacidade de atendimento cardiológico emergencial é o mais indicado. Postergar sua ida ao atendimento nessas situações em geral é muito mais mortal que o risco de se expôr ao coronavírus !

Uma boa semana à todos.

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