O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF) deu 48h para que o governo Jair Bolsonaro se manifeste a respeito da inclusão de crianças entre cinco e 11 anos no Plano Nacional de Vacinação para a imunização contra a covid-19.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta quinta-feira a aplicação da vacina da Pfizer para crianças. O parecer do órgão apontou eficácia superior a 90% do imunizante para o segmento infantil. O Ministério da Saúde, no entanto, ainda não encomendou as doses específicas para essa faixa etária.
O despacho do ministro, desta sexta-feira, foi dado em um pedido apresentado pelo PT para que o governo federal seja obrigado a apresentar um plano de vacinação para crianças nesta faixa etária.
“Incluindo-se um cronograma que viabilize a cobertura vacinal adequada de toda a população infantil antes da retomada das aulas, bem como a previsão de um dia nacional (Dia D) para vacinação, ou mesmo a designação de possíveis datas para a realização de grandes mutirões de incentivo e vacinação”, pede o partido.
A Anvisa incluiu a faixa etária na bula do imunizante na manhã de quinta. A resolução, que já está em vigor, é assinada pelo gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos (GGMED) da Anvisa, Gustavo Mendes.
Segundo a Anvisa, devem ser aplicadas duas doses com intervalo de 21 dias. Até o momento, essa é a única vacina aprovada para o público infantil. Logo, não deve haver intercambialidade de vacinas, isto é, mistura de doses.
A vacinação de crianças já virou alvo de ataques por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em uma live nesta quinta-feira, o presidente avisou logo de início aos seus espectadores que não interfere na Anvisa e que a agência não está subordinada a ele.
— Deixar bem claro isso, não interfiro lá. Pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento quem são essas pessoas e forme o seu juízo.
Bolsonaro voltou a afirmar que a vacina é “experimental”, o que não é verdadeiro. Todas as vacinas aplicadas no Brasil foram testadas e aprovadas em pesquisas que atestaram sua eficácia e segurança. Os resultados desses estudos foram analisados e aprovados pela Anvisa.
— A vacina chegou, experimental. Da nossa parte foi voluntária, ninguém obrigou ninguém a tomar, a responsabilidade é de cada um. Mas agora mexe com as crianças. Quem é responsável é você, pai. Eu tenho uma filha de 11 anos e vou estudar com a minha esposa para ver qual a decisão que nós vamos tomar.