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A importância da gestão de risco cambial para os produtores de soja no Brasil

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Um Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Ciências Econômicas do Centro de Sócio Econômico da Universidade Federal de Santa Catarina — UFSC, compara dois contratos disponíveis na B3 (Brasil, Bolsa e Balcão) para hedge cambial. O cenário é de que os produtores rurais de soja enfrentam diversos desafios em sua atividade, seja por condições da natureza ou por fatores de mercado.

Para minimizar os efeitos da variação de mercado, principalmente o impacto das oscilações cambiais tão presentes no cenário brasileiro, é necessário que a fazenda produtora faça uma gestão de risco via derivativos a fim de proteger o resultado financeiro.

Neste sentido o trabalho analisa, de forma descritiva, a diferença entre duas classes diferentes de contratos de derivativos, e qual mais se adapta ao caso para a estratégia de hedge cambial, levando em consideração um produtor com um fluxo de recebimento em dólares numa data futura.

As duas ferramentas analisadas são: contratos futuros de dólar americano e contrato a termo de dólar americano (NDF). Por não existir a melhor ferramenta e sim aquela que mais se adapta a uma situação, o NDF foi levantado como mais adequado por ser mais personalizável.

A importância da gestão de risco cambial para os produtores de soja no Brasil

O Brasil é o maior produtor de uma das principais commodities mundiais — a soja. Na safra 2019/2020, o território brasileiro foi responsável pela produção de 124.845 milhões de toneladas, enquanto nos EUA, segundo maior produtor do grão, produziu 96.676 milhões de toneladas. (BRASIL, acesso em 2021).

Nas últimas décadas, a expansão da cultura da soja no Brasil ganhou proporções tão relevantes que se pode interpretar que estamos experimentando um novo ciclo de uma cultura agrícola com impactos tão ou mais significativos para a economia nacional com aqueles gerados pelos ciclos de cana-de-açúcar e do café nos séculos 16 e 19. (SIQUEIRA, 2004, p.2)

Cenário e problemas enfrentados

O complexo agroindustrial da soja tem expressiva importância socioeconômica para o Brasil, pois movimenta um amplo número de agentes e organizações ligados aos mais diversos setores econômicos, como empresas de pesquisa e desenvolvimento, fornecedores de insumos, indústrias de máquinas e equipamento, produtores rurais, cooperativas agropecuárias, cooperativas agroindustriais, processadoras, produtores de óleo, fabricantes de ração e usinas de biodiesel, dentre outras. (BRASIL, 2014, p.30).

A análise da economia do complexo da soja se torna cada vez mais imprescindível ao tempo em que os dados revelam posição de destaque de tal commodity para o Brasil, seja na matriz produtiva ou na pauta de exportação. A condição mercadológica propícia para o grão, em decorrência de uma maior demanda internacional e ampla disponibilidade de terras de excelência para produção agrícola no país, fundamentam um fator positivo de competitividade e uma projeção promissora para as próximas safras.

Commodities

Entretanto, os produtores rurais, de quaisquer commodities, enfrentam inúmeros desafios em sua produção e precisam lidar com diversas variáveis de risco. O caráter inerente da atividade de depender da natureza através de recursos naturais e processos biológicos confere uma menor liberdade no processo produtivo. Além dos riscos bióticos1 e abióticos2, somam-se riscos relacionados à gestão, ao mercado e ao ambiente institucional.

Quanto ao risco de mercado, o Brasil tem como grande fator a volatilidade da taxa de câmbio. Segundo o BIS (2020), o Real nas duas últimas décadas foi a moeda com maior volatilidade da taxa de câmbio real, e a terceira pela taxa de câmbio nominal. Para os produtores rurais, que têm direta exposição à variação cambial devido ao fato da produção ser vendida em dólar, a volatilidade torna-se um grande problema pois pode destruir o resultado final da safra mesmo que esta tenha sido bem sucedida nos demais aspectos. Além disso, pela relevância da atividade econômica exercida, uma perda de valor significativa na produção pode representar um problema de bem-estar social para o agricultor, para os governantes, para o país e até mesmo para a comunidade internacional.

Gestão financeira

Dessa forma, é essencial que as fazendas tenham uma gestão financeira profissional que vá além de monitorar receitas e despesas, mas que seja responsável por garantir o máximo de previsibilidade para a operação a fim de mitigar os efeitos dos riscos envolvidos. A gestão financeira profissional das fazendas já é reconhecida como um dos principais elementos catalisadores no desenvolvimento da produtividade da agricultura, estando a altura da relevância econômica que a atividade exerce.

Os gestores de fazenda têm à sua disposição diversos mecanismos para gerir os riscos. Para diminuir os efeitos da volatilidade cambial, por exemplo, o mercado financeiro conta com algumas opções de derivativos negociados na Bolsa de Valores de São Paulo, instrumentos totalmente dedicados a esse propósito. Porém, a escolha do instrumento correto requer profundo conhecimento dos mecanismos e das duas implicações operacionais, contábeis, de fluxo de caixa, tributárias e financeiras.

Mercado

O presente trabalho será responsável por realizar uma análise comparativa dos principais instrumentos de hedge cambial a fim de auxiliar os produtores de soja nessa tomada de decisão, revisando os principais conceitos, o contexto histórico da atividade e os riscos na agricultura. A pesquisa realizada é relevante pois realiza uma análise comparativa das duas principais ferramentas de proteção cambial dos agricultores para o cenário de uma fazenda produtora de soja, o NDF (Non-Deliverable Forward) e os contratos futuros. Esses dois tipos de derivativos foram escolhidos por serem os mais difundidos e de fácil entendimento da B3 (Bolsa, Brasil e Balcão), entretanto seria possível montar uma estratégia através de outras classes de derivativos como as opções e os swaps.

A taxa de câmbio brasileira é extremamente volátil e imprevisível, sendo um grande problema para os produtores rurais na hora da negociação das safras. Sendo assim, é essencial que os agricultores possam ter algum mecanismo de proteção e que saibam como escolher a melhor opção em cada caso.

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