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Ser mulher, aonde ela quiser, inclusive como bombeira militar

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Há muito tempo se fala que o lugar da mulher é aonde ela quiser. E no Corpo de Bombeiros Militar elas estão em quase todas as patentes e graduações da carreira, de soldado a tenente-coronel, e no meio desses cargos existem as sargentos, tenentes, capitães e majores.

E mesmo que a carreira militar tenha o estereótipo de “durão”, firme e até mal-encarado, elas trazem consigo a leveza, a simpatia, a delicadeza e a sabedoria. Não que isso falte em muitos homens, é que elas conseguem ser incomparáveis ao mesmo tempo que são competentes.

No Dia Internacional da Mulher, o CBMTO homenageia todas essas profissionais da corporação, e conta a história de algumas que atuam em três unidades diferentes.

Quinze anos de serviço. Esse é o tempo de atuação da 2º sargento Saionara Gabriela dos Santos Aguiar, que atua em Palmas e está lotada na Companhia Independente de Busca e Salvamento (CIBS). O início da carreira foi em 21 de abril de 2006, na Escola de Formação de Bombeiros Militar (EFAB).

A sargento Gabriela é casada e está gestante do segundo filho. São os primeiros meses da gestação e por isso ela continua firme na escala de salva-vidas. Mãe, mulher, cidadã, militar. É possível diferenciar a mulher do dia a dia, da mulher militar?

“Sim. No serviço eu sou mais combatente, profissional, muito “militarzona” apaixonada em servir. Na minha casa sou professora do meu filho, planto hortaliças, amo fazer salgados fritos, assados, pizzas, panquecas, pão de queijo. E na igreja sou líder do Departamento de Ação. Assim eu arrecado alimentos, tanto na igreja quanto no quartel, e distribuo juntamente com minha mãe no Setor Pinheirinho Vivo – Capadócia”.

Ex-atleta, a sargento tem por vaidade o cuidado com a performance física. Engordar, nem pensar. “Fui atleta muitos anos, comecei ainda na infância e parei de treinar quando me casei. Entendi que já tinha competido muito e então seria a hora de me dedicar ao lar”, explicou Gabriela, que não se aparta do protetor solar, do hidratante e do creme para pentear os cabelos. “Sou guarda-vidas, amo trabalhar nos rios e lagos, e esses itens não podem faltar”.

Caseira, apaixonada pela família e em servir quando está fora do expediente, Sonaira Gabriela descobriu sua carreira quando foi com as tias ao Corpo de Bombeiros Militar, em 2004. “Minhas tias estavam fazendo o Curso de Formação de Soldado, e foi amor à primeira vista pela profissão. Naquele dia decidi que iria ser uma Bombeira Militar. Comecei a estudar aos poucos e a me preparar. No CFSD em 2006, eu ali estava pronta para servir esta instituição valorosa”, contou.

A soldado Okssana Ellen Soares Santos é filha de um policial militar, e por isso queria seguir os passos dele na mesma corporação. Contudo, a mãe teve papel fundamental na decisão final, norteando na escolha do concurso de bombeiro para a filha. E deu certo. Já são seis anos servindo o CBMTO.

Okssana entrou em 2014, servindo na 3ª Companhia de Bombeiros Militar (Paraíso do Tocantins). E atualmente, está lotada na 1ª Companhia do 2º Batalhão de Araguaína.

“Eu tinha 18 anos e buscava a minha independência financeira, já estudava muito para concursos, inclusive meu foco na época era para Polícia Militar, pois queria seguir os passos do meu pai. Porém, através da insistência da minha mãe para que eu prestasse concurso para o CBMTO, eu fiz e passei. Hoje sou muito feliz e satisfeita com a minha profissão”, afirmou.

A soldado Okssana também é mãe. Parte de seu dia a dia é totalmente dedicada ao pequeno Nícolas Gabriel, de um ano e cinco meses. “No meu cotidiano eu sou mãe e meu tempo é todo dedicado ao meu filho. Mas em relação a como eu sou no serviço e fora dele, não existe muita diferença, pois tento manter a mesma postura, e por ser filha de policial, sempre vivi nesse mundo do militarismo”.

Jovem, militar, profissional, mulher, mãe, independente. Okssana está em todos esses caminhos. Na casa dos seus 25 anos de idade, define bem algumas questões que têm muito a ver com sensibilidade feminina. “Acredito que para todas as mulheres militares, a maior vaidade é tentar não perder a parte feminina, mesmo estando fardadas. Ao meu ver, um brinco e um bom perfume não podem faltar, mesmo a caminho do serviço”.

“Fora do trabalho, divido meu tempo entre cuidar do meu filho, a faculdade, estar em contato com minha família e com meus amigos. Sou uma mulher mais caseira, e gosto de programação com amigos”, completou.

Como militar, Okssana entendeu bem a missão da carreira, uma espécie de sacerdócio, onde o querer sempre está ligado à atividade bombeiro militar, seja em qual dia for escalada.

“Às vezes não é muito fácil fazer planos, pois nem sempre é possível conciliar com minha escala de serviço. Por exemplo, em datas comemorativas, onde muitas vezes trabalho no Natal, virada de ano e em finais de semanas. Porém, ser bombeira é algo que me traz muitas realizações e entender que isso significa fazer parte do processo”, garantiu.

Nas escolhas da vida, outra mulher, a 1º Sargento Luciana Nunes Ferreira, teve outro policial militar como forte influenciador na decisão da carreira atual. Contudo, o PM em questão é o marido. E isso foi em 2006, ano em que ela teve aprovação no concurso do CBMTO. Já se vão 14 anos.

Mãe de dois filhos, a sargento Luciana é bombeiro militar em Paraíso do Tocantins, na sede da 3ª Companhia, que é ligada ao 1º Batalhão (Palmas). A mãe, mulher, esposa, militar, também tira de letra cada uma dessas virtudes.

“No dia a dia, consigo conciliar bem minha profissão de bombeira, com a de mãe e ser esposa. Fora do trabalho gosto de ficar em casa com minha família, e também de sair com os amigos para curtir um barzinho a noite. Sou mais festeira”, revelou.

O cumprimento da missão com as escalas na Companhia, em meio à correria das ocorrências, nas viaturas, sempre é feito com uma garantia, a de ser mulher com tudo que é possível. “Mesmo no meio militar a mulher tem sua vaidade, eu não saio para trabalhar sem um batom na boca, um bom perfume e com as unhas feitas”, confessou a sargento, que tem no estado do Goiás, o segundo refúgio: a família. “Gosto sempre de viajar. Na maioria das vezes vou para Goiás”.

“Sempre fiz planos na minha vida e ser militar não mudou isso, porque ser militar pra mim é um orgulho, tenho amor pela minha profissão e não importa em qual escala eu esteja, nem a correria do dia a dia. Quando a gente tem amor pelo que faz, tudo fica mais tranquilo e agradável”, concluiu a sargento Luciana.

São histórias de vida, luta e coragem de Gabrielas, Okssanas, Lucianas, bombeiras de todo Brasil e de mulheres de todo o mundo. Não importa se usam farda ou se trabalham civis. O importante é que buscaram ao longo do tempo ser independentes, não deixando de lado a sensibilidade, o ser gracioso, comprometidas, fortes, mães e profissionais.

E nessa luta constante, pode se dizer que as mulheres, ao longo dos séculos, construíram uma nova realidade. Mas que apesar de toda a importância e contribuição que tiveram para construção da sociedade atual e para o crescimento da economia, da educação, entre outros aspectos, ainda enfrentam muitos obstáculos e desafios. E que não podem retroceder, quando se observa na retaguarda as inúmeras conquistas.

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